Nos anos 90, os irmãos Martins decidiram criar um negócio dedicado à construção de estruturas metálicas. Formaram o Grupo Martifer e, em 2004, depois da internacionalização da empresa surgiu a aposta nas energias renováveis. Hoje são proprietários de uma das maiores empresas portuguesas espalhadas pelo mundo. E tudo começou com um investimento de 22.500 euros.
A Martifer acaba de iniciar mais uma obra em Itália. Dentro de seis meses, o novo parque solar fotovoltaico de 3MW construído na província de Agrigento, em Sicília, vai servir mais de 1660 casas. Os 13 hectares de terreno agrícola vão evitar a emissão de cerca de três toneladas de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera. E este é só um dos projectos que coloca a empresa portuguesa numa posição de líder no sector. Entrou no mercado brasileiro, em 2008, através de dois parques eólicos situados no nordeste do país e na Alemanha, a força do vento valeu-lhe a facturação de 9,1 milhões de euros.
Em Junho passado, a Martifer iniciou a actividade eólica na Polónia, quase um ano depois de assinado a engenharia e a montagem da instalação fotovoltaica mais alta do mundo no telhado na Torre de Cristal, em Madrid, com 245 metros de altura. Foram precisos alpinistas para procederem à colocação dos vidros. Cada um pesava 120 quilos, formando no seu conjunto uma exposição solar de 285 m2.
Para Alberto Rabanal, membro do Conselho de Administração da Martifer Solar, este é o momento certo para estes investimentos: “Acreditamos que o mercado fotovoltaico está a atravessar o seu primeiro exame como indústria consolidada a nível mundial”. Para além daqueles países, a Austrália, Bulgária, Eslováquia, Estados Unidos da América, Grécia, Roménia e a Ucrânia também fazem parte dos contemplados pela Martifer Renewables, empresa do Grupo para a geração eléctrica, que já chega aos 104,6 MW de capacidade instalada.
A Expo’98 serviu de impulsionadora do projecto, quando permitiu que a empresa erguesse a Torre Vasco da Gama, no Parque das Nações. Mais tarde, o processo de internacionalização da empresa revelou-se a chave do sucesso. Em 1999, os irmãos resolvem expandir-se para Espanha através da produção de estruturas metálicas, na altura o único sector em actividade. Dois anos depois, a Mota-Engil passou a deter uma participação de 50% na empresa.
O avanço para a Europa de Leste surgiu em 2003 com a entrada de construção metálica na Polónia. Em Portugal, a empresa via a sua reputação a crescer com a construção dos estádios de futebol do Euro’2004. Tinha a complementaridade industrial do seu lado – fabricava as estruturas, fachadas em vidro e alumínio, peças em inox e ainda monoblocos. Hoje, a empresa é umas das 4 maiores da Europa em construções metálicas e líder ibérico no segmento. E continua a difundir-se: uma nova fábrica em Angola já está em pré-construção
Em 2004, as energias renováveis foram as responsáveis pelo novo impulso aos ganhos da empresa Martifer Energy Systems e Martifer Renewables. Assumindo-se com a primeira fábrica do sector eólico em Portugal, desde a produção de torres, turbinas, pás e aerogeradores, a empresa constrói verdadeiros campos de energia produzidos ao sabor da natureza. A empresa anseia produzir cerca de 400 torres por ano em 2010. Em 2004, produzia 100. A energia solar viria a ser explorada em Outubro de 2008, mas as expectativas estão agora igualmente altas. Para o ano, a Martifer Solar quer duplicar a produção para 100 MW por ano.
O Grupo Martifer, que conta com aproximadamente 120 empresas distribuídas por 20 países, quer tornar-se pioneiro na exploração de fontes de energia, e bem assim desenvolver investigação no domínio da energia maremotriz. Em Novembro passado, a Navalria, participada da empresa em 96,79%, celebrou com a Transtejo um contrato de fornecimento de dois ferry-boats para a travessia do rio Tejo entre Cacilhas e Cais do Sodré. Os meios de transportes devem estar concluídos até Fevereiro de 2010 e vão ter capacidade para 360 passageiros. Esta construção “marca o início de um trajecto rumo à modernização da empresa”, anunciou António Pontes, Administrador da Martifer Energy Systems.
Quase escondida na zona industrial de Oliveira de Frades, a empresa Martifer parece um condomínio fechado com portas abertas para o resto do mundo. Só no primeiro trimestre de 2009 representa já um lucro de 212 milhões de euros, um crescimento de 33 por cento face ao período homólogo do ano passado.
Destaques
Em 2008, a Martifer obteve lucros de 900 M€. Um ano antes, a facturação foi cerca de 518,5 M€
O Grupo Martifer é composto por 120 empresas espalhadas por 20 países nos cinco continentes
A empresa foi a primeira em Portugal a explorar o sector eólico como fonte de energia renovável
Joana Silva, Jornalista