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quinta-feira, setembro 30, 2010

FOLGA GERAL


Ontem decorreu mais um protesto dos sindicatos em várias cidades europeias, e culminará com a grande manifestação em Bruxelas onde são esperados mais de 100.000 activistas contra as políticas de austeridade dos governos, e para este ano é esse precisamente o lema “No to Austerity”.

Em Espanha para além da adesão ao protesto organizado pela Confederação Europeia de Sindicatos (CES), também tem em mãos uma greve geral que já provocou desacatos em Madrid.


Antes e depois de uma greve há sempre duas interpretações a fazer, uma pelo lado do patronato, que olha para os números dos trabalhadores aderentes, por outro lado dos sindicatos que olham pelo número dos sindicalizados que arrimaram-se ao evento. Ambos estão certos, mas examinam para diferentes explicações.


Na Galiza, por exemplo essa dicotomia expressa-se também no seu bilinguismo – “Folga Xeral” em galego e “Huelga General” em castelhano, vão competindo entre si nos murais, montras e na propaganda sindical como está bem patente na cidade de Santiago de Compostela.


Por um lado os defensores da “Folga” dizendo que os direitos dos trabalhadores estão a ser ameaçados pelo capitalismo, e por outra banda os seus opositores que declaram que não é o momento certo para paralisar o país numa época de profunda crise financeira. Eis o argumentário clássico!!!


Um condimento para esta greve geral veio da presidente da Comunidade de Madrid, Esperanza Aguaire, uma das mais reputadas dirigentes da direita espanhola ao anunciar a suspensão de uma parte significativa dos parados (delegados sindicais) na sua comunidade, o que veio a enfurecer os sindicalistas, e a desanuviar um pouco a tensão com o PSOE, e este deve-lhe ter agradecido por ter escolhido tão mal o “timing” para essa decisão, logo contra-posta pelas regiões autonómicas controladas pelos socialistas que não iriam reduzir os parados.


Porém existe um factor que distingue o modus operandi dos sindicalistas espanhóis e portugueses, e possivelmente será a grande diferença entre as suas sociedades.


Enquanto na Espanha existe um respeito e até um certo temor pelos piquetes dos grevistas, em Portugal essa situação é praticamente ignorada pelas organizações intervenientes no processo grevista, que por ser uma prática banal, o seu efeito prático é quase nulo.


Embora no plano da grande politica espanhola tem as mesmas vicissitudes que são praticadas em Lisboa, mas os debates fracturantes que a sua sociedade é exposta, sobretudo os que acontecem em algumas regiões autonómicas como seja a Galiza, a Catalunha ou o País Basco criam uma robustez e uma clarividência, e quando é transferida para o dia-a-dia dos cidadãos e dos negócios conferem uma objectividade, e em certos pontos até uma agressividade, muito diferente da passividade e da amedrontada sociedade portuguesa.

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