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sexta-feira, fevereiro 04, 2011

TRANSFORMAÇÃO DAS RELAÇÕES LUSO-ESPANHOLAS NO MARCO DA CONSTRUÇÃO EUROPEIA - AS RELAÇÕES LUSO-ESPANHOLAS NO NOVO CENÁRIO EUROPEU - 2ª PARTE



Se a Espanha considerara historicamente a Portugal como um parceiro menor, os mais recentes dados económicos não sustentam a assunção da estabilidade da posição espanhola como “grande potência”, sendo de facto questionável que alguma vez tivesse tal condição no último século. Curiosamente, embora Portugal seja um dos estados europeus que melhor se adequa ao conceito orgânico de nação, o incremento do peso comercial, econômico e financeiro da Espanha na última década pronto levantou numerosas polêmicas sobre uma hipotética “invasão espanhola”. Também periodicamente ressurgem polêmicas ainda não saldadas definitivamente como a questão de Olivença, frequentemente relacionada às (contrapostas) reivindicações espanholas sobre o enclave de Gibraltar, ou ao crescente interesse do Estado espanhol por territórios com os que historicamente Portugal tem vínculos especiais (caso do Brasil ou os PALOPs).

Apesar destas controvérsias, a convergência de ambos os países na UE/NATO é a mais forte garantia para o mantimento da dualidade peninsular. A implicação de ambos estados, ao mesmo nível, nestas instituições supra-estatais trouxe o princípio do fim do iberismo político em sentido estrito, uma vez que, em um momento no que mais e mais parcelas de soberania são cedidas aos órgãos internacionais, este deixa de ter sentido como tal. Esse velho iberismo retórico e impraticável deixa a porta aberta para o estabelecimento de vínculos reais entre os povos peninsulares: no plano económico, científico, cultural e mesmo político, seja por meio de estruturas trans-fronteiriças como por posicionamentos e estratégias comuns e de mútuo interesse nas instituições internacionais das que ambos estados ibéricos formam parte.

Os problemas comuns de ambos os países levam à convergência possibilitando o reforço da sua posição nas instituições multilaterais. A pertença ao grupo inicial dos países de coesão, a entrada simultânea no Sistema Monetário e a adoção da moeda única, a participação do espaço Schengen, a sintonia em relação às regiões ultra-periféricas (Açores, Madeira e Canárias) ou as comuns reticências em relacção ao alargamento são evidencias desta convergência. Em referência a este último ponto, embora a ampliação recebesse o apoio de ambos os países – como não podia de outro jeito, são também os que menos se beneficiam e mais tem a perder: menos acesso aos novos mercados; padecer a competência no mercado interior europeu e atracção de investimento estrangeiro; a já referida questão dos fundos estruturais; e deslocamento do centro de gravidade da UE para o leste (Cravinho, 2001: 80).

Em relação à adesão, é certo que Portugal já tinha uma experiência significativa em matéria de cooperação económica europeia dado o seu status de membro fundador da EFTA (Jiménez, 2007: 213). Quiçá por isso, e pelo facto de que a integração de Portugal resultava menos dificultosa do que a espanhola, houve do lado português reticências significativas na hora de aceitar uma negociação conjunta com o Estado espanhol. Não se esqueça que foi a própria CEE quem atrasou a aceitação do ingresso formal de Portugal para que este acontecesse junto com o da Espanha.

No entanto, também é certo que a dinâmica de trabalho estabelecida com esse processo contribuiu para a aparição de um clima de confiança ibérico. O legado desse momento são as cimeiras bilaterais luso-espanholas, cuja eficácia é mais discutível no âmbito dos grandes acordos políticos, mas relativamente exitosa na vertente da cooperação técnica. Assim, com a abertura de fronteiras, liberalização e integração económica e monetária a União supôs um verdadeiro marco de re-encontro entre Portugal e o Estado espanhol.

Já em referência à política externa, não é novidade afirmar que, historicamente, Portugal foi sempre mais aberto para o exterior do que o Estado espanhol. Como dizia Eça de Queiroz: “Espanha é o que há que atravessar para chegar a Europa” (apud Cruz, 2001: 21). Portugal, pela sua posição ante o Estado espanhol, foi sempre mais virado para o Atlântico, mantendo ainda hoje uma postura periférica e soberanista na linha britânica ou holandesa. No entanto, o Estado espanhol, ansioso de protagonismo, manteve tradicionalmente uma atitude mais europeísta, continentalista e federalista, mais ligada ao eixo franco-alemão. A excepção que confirma a regra produziu-se após o 11-S com a viragem euro-atlantista espanhola do governo de Aznar, colocando durante um tempo à estratégia portuguesa de diferenciação em xeque. De continuar com a opção diferenciadora, voltando-se para o eixo europeísta / federalista / continentalista, Portugal teria anulado a sua credibilidade internacional (Gaspar, 2007: 182). Não foi necessário.

A vitória do PSOE em 2004 supôs a volta para a normalidade. Enquanto a política externa da Espanha vira em função da direcção do vento, Portugal tende a valorizar as suas alianças históricas conservando uma estratégia política internacional a longo prazo. O enraizamento da opção portuguesa evidencia-se com a vitória do PS em Portugal, sendo que a estratégia euro-atlantista prima ante a similitude dos partidos no governo em ambos os países. Assim, pode-se afirmar que as relações entre ambos os países não sofrem grandes variações em função dos partidos no poder. No entanto, e como expressa Gaspar, quando a Espanha se tenta projectar como grande potência, apropriando-se da estratégia euro-atlantica portuguesa e atribuindo-se uma ‘relação especial’ com os E.U.A. (muito ao estilo britânico), e como aconteceu após o 11-S, Portugal vê-se diminuído convertendo-se, em palavras de Gaspar, em mestre de cerimónias do vizinho tal e como aconteceu na cimeira dos Açores em 2003 (2007: 181).

O Estado espanhol, no seu delírio de grandeza (pense-se apenas na polémica de faz alguns anos quando mídia e políticos reprochavam ao governo o facto desse país não ter participado na cimeira do G-8 – por se não o sabem, desde faz algum tempo insiste-se na mídia que a Espanha é a oitava potência mundial, embora não saibamos muito bem do quê), atribuira-se o estatuto de grande estado, pretendendo formar parte desse “diretório europeu”. Assim se evidenciou em Niza, onde Espanha quis jogar o papel de grande no reparto de votos, afastando-se da posição portuguesa (Ortega apud Alcaide, 2001: 98). Nesse sentido, a estratégia portuguesa, mais ligada à denominada política dos pequenos e médios estados (categorias, no entanto, com as que não concordo em absoluto) partira para a defesa da sua individualidade dentro da UE.

Por citar alguns exemplos, pense-se nas negociações do tratado Maastricht. O Estado espanhol foi firme partidário da Política Europeu de Segurança e Defesa (como evidencia a participação deste país no Eurocorpo) enquanto Portugal com a Grã Bretanha se inclinava pela defesa da UEO como pilar europeu da NATO. Outro dado significativo no âmbito da defesa é que Portugal fez sempre questão que as suas tropas em missões da NATO, UE ou ONU nunca estivessem sob comando espanhol.

A América Latina é um problema à parte. Tanto Portugal como Espanha trabalharam intensamente no marco da UE para o incremento qualitativo e quantitativo das relações com a América Latina em geral e com o MERCOSUL em particular. No entanto, a estratégia com a América Latina é também motivo de tensão, uma vez que a Espanha pretende ostentar a liderança na sua condição de “mãe-pátria hispânica”, por vezes desbancando o vínculo especial com o Brasil e colocando em segundo plano o projeto lusófono. A cada vez maior valorização do Brasil na Espanha, manifestado pelas crescentes inversões naquele país (na que a banca e telecomunicações são pontas de lança –nomeadamente o Grupo Santander e Telefónica- seguido agora do sector da construção, que vê os seus mercados reduzidos na península), releva a Portugal, que deve impulsionar estratégicas mais ativas nas que a vertebração lusófona é clave.

O mesmo se pode dizer do norte da África. Considerando os conflitos da Espanha com o Marrocos (lembre-se o episodio da Ilha Perejil-Leila e as ainda pendentes questões do Saara e, em menor medida, Ceuta e Melilha) a passividade das políticas portuguesas para esta região, submetidas em boa medida às espanholas, carece de sentido (Gaspar, 2007: 179). Em relação à África subsaariana acontece o aposto, iniciando-se a atenção política espanhola para o continente desconhecido apenas nos últimos anos. Obviamente, e tal como se manifestou nas Cimeiras ibero-americanas, as prioridades de cooperação internacional para Portugal e o Estado espanhol não são idênticas. O cenário africano é um bom exemplo.

Como síntese, é obvio que as posições de Portugal e Espanha nem podem nem devem ser totalmente convergentes no âmbito comunitário (Martins da Cruz, 2001: 36). Mas há que avançar na definição de áreas de coordenação e cooperação que facilitem as sintonias e evitem tensões desnecessárias.


Joám Evans Pim, Director do Instituto Galego de Relações Internacionais e da Paz

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

FOTOREPORTAGEM DA EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA "BEMPOSTA ON THE ROAD" EM HELSÍNQUIA

Fotos da exposição fotográfica "Bemposta on the Road" que se realizou em 30 de Setembro de 2008, na Universidade de Helsínquia (Metsätalo), e que serviu para promover a aldeia histórica da Bemposta do Campo.

Timo Riiho (Professor na Universidade de Helsínquia), Bruno Caldeira (Presidente da Associação Domvs Egitanae) e Elina Liikanen

Bandeira da Domvs Egitanae

Promoção ao Turismo de Portugal

Ambiente da exposição

Ambiente da exposição (II)

O interesse do público finlandês

A explicar onde fica a Bemposta do Campo

Bruno Caldeira entrega um adufe a Timo Riiho

Carlos Oliveira (Embaixada de Portugal na Finlândia), João Leitão (Embaixador de Portugal na Finlândia), Esko Kiuru (Antigo Embaixador da Finlândia em Portugal), Bruno Caldeira (Presidente da Associação Domvs Egitanae) e Timo Riiho (Professor na Universidade de Helsínquia)

Metsätalo

 O folheto da Bemposta on the Road

Um painel da exposição

Antti Pelttari (Professor na HUMAK de Kauniainen) e os seus alunos

 Bruno Caldeira com adufe

 A atenção do público finlandês

João Leitão (Embaixador de Portugal na Finlândia), Timo Riiho (Professor na Universidade de Helsínquia) e Esko Kiuru (Antigo Embaixador da Finlândia em Portugal)

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

TRANSFORMAÇÃO DAS RELAÇÕES LUSO-ESPANHOLAS NO MARCO DA CONSTRUÇÃO EUROPEIA - INTRODUÇÃO - 1ª PARTE




Segundo alguns autores, após a adesão da República Portuguesa e do Reino da Espanha à União Europeia, a única fronteira que ainda se mantém entre os dois países é a do desconhecimento mútuo (Cruz, 2001: 17). Ainda está viva no imaginário popular português a doutrina do ‘perigo espanhol’ (lembrem-se do ditado: “da Espanha, nem bom vento nem bom casamento”). Doutrina que bebe da dialéctica de um conflito estrutural histórico entre dois projectos nacionais opostos. O afastamento preventivo português do “nem bom vento nem bom casamento” contrapõe-se ao desejo (re)unificador espanhol do espírito de 1581-1640, sustentando as percepções mútuas de desconfiança enraizadas em mitos e realidades históricas e geopolíticas (Jiménez, 2007: 191).

Segundo Carlos Gaspar, existiria uma tendência histórica segundo a qual uma Espanha forte e unida tende a assumir o lugar de potência peninsular hegemónica, reduzindo as condições de autonomia política de Portugal (2007: 171). No entanto, uma Espanha fraca e isolada, ou tenta compensar o declínio à custa do vezinho (pense-se nas condições de Afonso XIII para renunciar à neutralidade na Grande Guerra: anexação de Portugal) ou cai numa crise interna na que o vizinho deve tomar partido para evitar possíveis ameaças (é caso da Guerra Civil e a intervenção do regime de Salazar) (idem). Não cabe aqui discutir em que momento se encontra o Estado espanhol senão as mudanças que vieram a alterar esta tendência.

A aproximação entre os dois países produziu-se não por factores endógenos senão pela intervenção de um factor exógeno: a adesão simultânea de ambos ao projecto europeu. Pela primeira vez na história, e salvando alguns períodos com circunstancias peculiares, em 1986 os dois estados passaram a ter idênticos alinhamentos no espaço europeu e atlântico (Gaspar, 2007:174).

A incorporação à UE, como marco de pacificação das relações entre estados democráticos, submetendo a solução das controvérsias às normas e foros internacionais, é um dos factores mais determinantes para as relações luso-espanholas na história contemporânea, assentando as bases para o que até agora foi um período de notável prosperidade e boas relações (idem). Cabe perguntar-se por tanto se a secular atitude hegemónica ou de tutela assumida pelo Estado espanhol deu pé a uma aproximação mais virada para o entendimento sincero e a colaboração efetiva.

Apesar desta nova realidade, a crise do projecto europeu e a proposta de Tratado Constitucional ressuscitou velhos temores nos que preocupações identitárias, políticas e económicas ganharam actualidade. Aliás, como se sabe em Portugal, o Estado espanhol vive desde já alguns anos um período de grande tensão política e económica, marcado pelas estratégias de confrontação e não-cooperação entre as duas principais forças políticas a nível estatal (PSOE e PP) e pelo cada vez mais patente questionamento da ordem institucional vigente, em especial pelos povos da periferia peninsular que não renunciam às suas aspirações soberanistas. As diferentes perspectivas em relação à declaração de independência de Kosovo/Kosova é um bom indicador deste problema estrutural.

Para a compreensão das relações luso-espanholas nos últimos vinte cinco anos é indispensável levar em consideração os oito séculos precedentes. Obviamente, e por motivos de espaço, não será aqui onde se abordem, embora resulte recomendável examinar alguma da bibliografia existente (Torre, 1985, 1989, 2002; Ferreira, 1989; Sánchez, 1993; Oliveira, 1995; Jiménez, 1996a; Jiménez, 1996b; Vicente, 2003).

Este breve trabalho pretende analisar de forma muito sumária a transformação das relações de ambos os países após a sua adesão ao projecto europeu, examinando de forma sucinta alguns aspectos dos âmbitos da política internacional, economia, desenvolvimento regional e relações culturais.

Joám Evans Pim, Director do Instituto Galego de Relações Internacionais e da Paz

segunda-feira, janeiro 31, 2011

FOTOS DA CONFERÊNCIA "OS ENCONTROS DA EUROPA - A SÉRVIA"


Fotos da Conferência "Os Encontros da Europa - a Sérvia" realizada no dia 29 de Novembro 2007, na Universidade Autónoma de Lisboa.


Universidade Autónoma de Lisboa

Folheto da Conferência (I)

Folheto da Conferência (II)

Os Embaixadores convidados

Dusko Lopandic (Embaixador da Sérvia)

Dusko Lopandic (Embaixador da Sérvia), Luis Tomé (Universidade Autónoma de Lisboa) e Bruno Caldeira (Presidente da Associação Domvs Egitanae)
Milan Rados (Professor Universitário)

Dusko Lopandic (Embaixador da Sérvia)

A plateia dos participantes



Flyers da Conferência

 Sala dos Professores da UAL

Dejan Stankovic (Tradutor), Tatjana Conic (Embaixada da Sérvia) e Carlos Santos Pereira (Jornalista)

Pormenor da Auditório da UAL 

Dusko Lopandic recebe a medalha da UAL (I)

Dusko Lopandic recebe a medalha da UAL (II)

quinta-feira, janeiro 27, 2011

A EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA "BEMPOSTA ON THE ROAD" ESTÁ FINALMENTE A PREPARAR O REGRESSO A PORTUGAL


A ultima etapa da exposição fotográfica "Bemposta on the Road" no estrangeiro terminou hoje no Pub Modus Vivendi em Santiago de Compostela.

Queremos agradecer às centenas de pessoas que visitaram as cenas da vida da histórica aldeia da Bemposta do Campo, e a todos os nossos parceiros que nos ajudaram a levar o nome de Portugal além fronteiras.

O nosso grande bem haja ao Museu de Harrow em Londres, às Universidades de Helsínquia, Tallin e Tartu, e agora ao Pub Modus Vivendi que tornaram possível este projecto.

Estamos já a envidar esforços para encontrar um local em Portugal para finalizar de vez esta exposição que se iniciou em 2008.

PROMOÇÃO DA LÍNGUA E CULTURA FRANCESA EM PORTUGAL


A Aigle Azur, representada pelo Delegado em Portugal Senhor Tiago Martins, e o Institut Français du Portugal, representado pela Directora Senhora Sophie Laszlo,
assinaram um protocolo de cooperação cujo objectivo será a promoção da língua e cultura francesa.

A parceria agora celebrada é a continuação das relações existentes desde 2006, ano em que a Aigle Azur chegou a Portugal, e reforça os laços da comunidade francófona residente em Portugal.

A parceria irá ter várias iniciativas culturais ao longo do ano 2011.

A Aigle Azur e o IFP têm o prazer de anunciar que vão iniciar conjuntamente 3 acções culturais, das quais constam a festa da francofonia organizada por 14 instituições e Embaixadas presentes em Portugal, um ciclo de concertos de música clássica que serão difundidos pela a Antena 2, e encontros literários "escales littéraires" para promover livros e escritoros franceses famosos, em parceria com o Hotel Sofitel de Lisboa.

No dia 6 de Janeiro, por ocasião da "Galette des Rois" – uma iniciativa levada a cabo pela Aigle Azur e o Institut français du Portugal em colaboração com a Alliance
Française - que contou com a presença de vários agências de viagens e operadores portugueses, parceiros institucionais e culturais, bem como o Embaixador de França
em Portugal, Senhor Pascal Teixeira da Silva, as entidades promotoras deram a conhecer esta iniciativa, que vem não só solidificar a presença da Aigle Azur em Portugal, como também conferir à comunidade francesa uma maior visibilidade no meio cultural português.

A importância desta iniciativa foi sublinhada no discurso do Senhor Embaixador, realçando a actividade crescentes das entidades envolvidas no protocolo, e a afirmação da união cultural entre Portugal e França.

quarta-feira, janeiro 26, 2011

SUGESTÃO DE LEITURA: "CRUZADA DE CEGOS" DE DIANA JOHNSTONE


SINOPSE

A jornalista Diana Johnstone seguiu atentamente os acontecimentos ligados às guerras destes últimos anos nos Balcãs e ao papel desempenhado pela NATO e pelas grandes potências no desmembramento da Jugoslávia. Apoiando-se numa documentação precisa e verificável, desmonta os mecanismos da manipulação mediática que permitiu aos dirigentes da NATO enganar a opinião pública e fazer crer, nomeadamente na Europa e até em certos sectores da esquerda, que a intervenção na Jugoslávia tinha por objectivo a defesa dos direitos humanos e o bem de todos os povos da Europa.

A autora mostra também que a guerra na Jugoslávia foi o protótipo das chamadas guerras «humanitárias», que são na realidade guerras da globalização.

sexta-feira, janeiro 21, 2011

BETTER COORDINATION NEEDED FOR EFFECTIVE IMPLEMENTATION JUVENILE JUSTICE ACT



When I recall the recent training to Juvenile Welfare Officers (JWO), who were representing every police station of Bihar, for helping them to understand their duties and responsibilities while interacting with the children keeping in mind about the guidelines stipulated under the Juvenile Justice (Care and Protection of Children) Act, 2000, the following beautiful sentences of Chilian Nobel Laureate Gabriala Mistral, comes to my mind: “We are guilty of many errors and many faults, but our worst crime is abandoning the children, neglecting the fountain of life. Many of the things we need can wait, the child cannot wait. Right now is the time his bones are being formed, his blood is being made, and his senses are being developed. To him we cannot answer ‘tomorrow’ His name is Today.”

The JJ (Care and Protection of Children) Act, 2000 comprises important provisions of all important international laws related to the protection of basic human rights along with ensuring that all the needs of children are met. The General Assembly of the United Nations has adopted the Convention on the Rights of the Child on the 20th November, 1989; the Convention on the Rights of Child has prescribed a set of standards to be adhered by all State parties in securing the best interest of the child. This Convention emphasizes social reintegration of child victims, to the extent possible, without resorting to judicial proceedings. The Government of India has ratified the Convention on the 11th December, 1992. Thus, the JJ Act, 2000 is the outcome of the commitment of India towards children. A review of the JJ Act, 2000 indicates that much greater attention is required to be given to children in conflict with law or those in need of care and protection. The justice system as available for adults is not considered suitable for being applied to children.

Children means one who has not completed eighteen years of age this applies to both boys and girls unlike many other laws that has not decided uniform age for boys and girls.

For effective implementation of this holistic ACT, the Bihar Police Department under the leadership of Mr Rajbardhan Sharma, ADGP (CID) had taken a visionary step by providing first of its kind training to all 984 JWOs in Bihar and gave Bihar a reason to be first on this count. The JJ Act, 2000 classified children in two categories, (1) Children in Need of Care and Protection, and (2) Juvenile in Conflict with Law. This child centered Act has made two separate competent authorities; the Child Welfare Committee (CWC) for children in need of care and protection (CNCP) and the Juvenile Justice Board (JJB) for juvenile in conflict with law (JCL). “Juvenile in conflict with law” means a juvenile who is alleged to have committed an offence and has not completed eighteen years of age as on the date of commission of such offence, and, children other than this fall under “children in need of care and protection”. Juvenile in conflict with law has no longer to face insensitive police relating their protection of basics right given to him according to the provisions made under the Beijing Rules that constitutes a set of guidelines to be followed while taking juvenile under “protective custody” such as police will be in civil uniform, no CJM court, no lawyer, no jail and above all there is no provision for punishment irrespective gravity of offence; the Act stipulates only community service. And, beauty of this Act is that it prohibits using derogatory terms such as delinquent, remand home, court, etc. The Section 63 of the Act reads: (1) in order to enable police officers who frequently or exclusively deal with juveniles or are primarily engaged in the prevention of juvenile crime or handling of the handling of the juveniles or children under this Act to perform their functions more effectively, they shall be specially instructed and trained. (2) In every police station at least one officer with aptitude and appropriate training and orientation may be designated as the “juvenile or child welfare officer” who will handle the juvenile or the child in co-ordination with the police. (3) Special juvenile police unit, of which all police officers designated as above, to handle juveniles or children will be members, may be created in every district and city to co-ordinate and to upgrade the police treatment of the juveniles and the children.

But there is a huge gap between the Act and the fact at the ground. The Act stipulates about four homes two each for CNCP and two each for JCL for every district. In Bihar, there are only a score of homes unlike Maharashtra where it crosses hundred. All districts do not have CWC and JJB; existing CWC do not sit regularly. There is urgent need for creating adequate infrastructure necessary for the implementation of the Act with a larger involvement of informal systems specially the family, the voluntary organizations and the community.

There is a lack of coordination among departments to combat the issues of child labour or working children who squarely fall under CNCP. On the one hand, the Department of Social Welfare has come out with its own State Action Plan to combat issues relating to trafficking in children, child labour covering children up to children who have not completed eighteen years of age and on the other, the Department of Labour resources has come out with entirely separate action plan to combat child labour covering only children below fourteen years of age. Any legislation alone cannot resolve this as old as story problem. To take this mammoth problem head-on, the concerned departments have to come on one platform – real convergence and really sensitive people from all walks of life will be the real answer to protect these children.

Suresh Kumar is Raia Diplomática's correspondent in India

terça-feira, janeiro 18, 2011

FOTOREPORTAGEM DA EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA "BEMPOSTA ON THE ROAD" EM LONDRES (15.03.2008)



Fotoreportagem da exposição fotográfica "Bemposta on the Road", realizada no Museu de Harrow em Londres, no dia 15.03.2008, alusiva à aldeia da Bemposta do Campo









domingo, janeiro 16, 2011

SUGESTÃO DE LEITURA: "PAGADORES DE CRISES" DE JOSÉ GOULÃO




Sinopse
Entre o Chile de Pinochet e a França de Sarkozy, a Inglaterra de Thatcher e a Alemanha de Merkel, a América de Reagan e a Europa de Barroso há diferenças, mas também semelhanças. Que sentimos na pele, nós, os pagadores de crises. Viajamos aqui pela história política e social do mundo nas últimas quatro décadas.

Em muitos aspectos de cidadania o mundo regrediu aos tempos da II Guerra Mundial. E «a crise» é a versão consolidada do sistema neoliberal.

terça-feira, janeiro 11, 2011

O MUNDO DOS MILHÕES


Nos anos 90, os irmãos Martins decidiram criar um negócio dedicado à construção de estruturas metálicas. Formaram o Grupo Martifer e, em 2004, depois da internacionalização da empresa surgiu a aposta nas energias renováveis. Hoje são proprietários de uma das maiores empresas portuguesas espalhadas pelo mundo. E tudo começou com um investimento de 22.500 euros.
A Martifer acaba de iniciar mais uma obra em Itália. Dentro de seis meses, o novo parque solar fotovoltaico de 3MW construído na província de Agrigento, em Sicília, vai servir mais de 1660 casas. Os 13 hectares de terreno agrícola vão evitar a emissão de cerca de três toneladas de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera. E este é só um dos projectos que coloca a empresa portuguesa numa posição de líder no sector. Entrou no mercado brasileiro, em 2008, através de dois parques eólicos situados no nordeste do país e na Alemanha, a força do vento valeu-lhe a facturação de 9,1 milhões de euros.

 Em Junho passado, a Martifer iniciou a actividade eólica na Polónia, quase um ano depois de assinado a engenharia e a montagem da instalação fotovoltaica mais alta do mundo no telhado na Torre de Cristal, em Madrid, com 245 metros de altura. Foram precisos alpinistas para procederem à colocação dos vidros. Cada um pesava 120 quilos, formando no seu conjunto uma exposição solar de 285 m2.

 Para Alberto Rabanal, membro do Conselho de Administração da Martifer Solar, este é o momento certo para estes investimentos: “Acreditamos que o mercado fotovoltaico está a atravessar o seu primeiro exame como indústria consolidada a nível mundial”. Para além daqueles países, a Austrália, Bulgária, Eslováquia, Estados Unidos da América, Grécia, Roménia e a Ucrânia também fazem parte dos contemplados pela Martifer Renewables, empresa do Grupo para a geração eléctrica, que já chega aos 104,6 MW de capacidade instalada.

A Expo’98 serviu de impulsionadora do projecto, quando permitiu que a empresa erguesse a Torre Vasco da Gama, no Parque das Nações. Mais tarde, o processo de internacionalização da empresa revelou-se a chave do sucesso. Em 1999, os irmãos resolvem expandir-se para Espanha através da produção de estruturas metálicas, na altura o único sector em actividade. Dois anos depois, a Mota-Engil passou a deter uma participação de 50% na empresa.

O avanço para a Europa de Leste surgiu em 2003 com a entrada de construção metálica na Polónia. Em Portugal, a empresa via a sua reputação a crescer com a construção dos estádios de futebol do Euro’2004. Tinha a complementaridade industrial do seu lado – fabricava as estruturas, fachadas em vidro e alumínio, peças em inox e ainda monoblocos. Hoje, a empresa é umas das 4 maiores da Europa em construções metálicas e líder ibérico no segmento. E continua a difundir-se: uma nova fábrica em Angola já está em pré-construção

Em 2004, as energias renováveis foram as responsáveis pelo novo impulso aos ganhos da empresa Martifer Energy Systems e Martifer Renewables. Assumindo-se com a primeira fábrica do sector eólico em Portugal, desde a produção de torres, turbinas, pás e aerogeradores, a empresa constrói verdadeiros campos de energia produzidos ao sabor da natureza. A empresa anseia produzir cerca de 400 torres por ano em 2010. Em 2004, produzia 100. A energia solar viria a ser explorada em Outubro de 2008, mas as expectativas estão agora igualmente altas. Para o ano, a Martifer Solar quer duplicar a produção para 100 MW por ano.

O Grupo Martifer, que conta com aproximadamente 120 empresas distribuídas por 20 países, quer tornar-se pioneiro na exploração de fontes de energia, e bem assim desenvolver investigação no domínio da energia maremotriz. Em Novembro passado, a Navalria, participada da empresa em 96,79%, celebrou com a Transtejo um contrato de fornecimento de dois ferry-boats para a travessia do rio Tejo entre Cacilhas e Cais do Sodré. Os meios de transportes devem estar concluídos até Fevereiro de 2010 e vão ter capacidade para 360 passageiros. Esta construção “marca o início de um trajecto rumo à modernização da empresa”, anunciou António Pontes, Administrador da Martifer Energy Systems.

Quase escondida na zona industrial de Oliveira de Frades, a empresa Martifer parece um condomínio fechado com portas abertas para o resto do mundo. Só no primeiro trimestre de 2009 representa já um lucro de 212 milhões de euros, um crescimento de 33 por cento face ao período homólogo do ano passado.

Destaques

Em 2008, a Martifer obteve lucros de 900 M€. Um ano antes, a facturação foi cerca de 518,5 M€

O Grupo Martifer é composto por 120 empresas espalhadas por 20 países nos cinco continentes

A empresa foi a primeira em Portugal a explorar o sector eólico como fonte de energia renovável

 
Joana Silva, Jornalista

MENSAGEM DE BOM ANO NOVO DA RAIA DIPLOMÁTICA



O pretérito ano foi muito difícil para a maioria dos cidadãos e das organizações. A Raia Diplomática não fugiu à regra.

Lançada no final de 2009 como suplemento do Diário de Notícias despertou muita atenção, e inclusive ficou tecnicamente esgotada na Grande Lisboa.

Efectivamente o ano transacto a RD teve que atravessar uma longa travessia no deserto, e este ano que também não será nada fácil aos poucos irá reaparecer, mantendo a sua energia e criatividade de sempre.

Mas qual é a importância da Raia Diplomática?

Para além de colmatar uma lacuna no mercado editorial no que concerne às publicações de política e actualidade internacional generalista, e de origem portuguesa, tem um projecto próprio no que diz respeito às temáticas abordadas, estando a criar bases para a sua internacionalização. Da mesma forma quer evidenciar que o empreendorismo e a coragem portuguesa ainda não morreram, e quer elevar o ânimo dos homens e das mulheres deste cantinho da Europa, que foram os primeiros criadores da globalização, mas que agora estão cada vez mais a perder as oportunidades que esta proporciona.

Previsivelmente, a página electrónica da “primeira revista portuguesa de actualidade internacional” será lançada até ao primeiro trimestre do presente ano, e também estão projectadas outras novidades.

Vamos continuar a dar uma volta ao mundo das notícias e das reportagens que marcam o nosso quotidiano sem entrar na estandardização mediática.

Além da sua função informativa e reflexiva, algo que está ausente na maior parte dos órgãos de comunicação social generalista nacional, vai também abarcar três grandes causas em 2011.

A primeira é sensibilizar para o autismo. O Estado social não pode sacudir as suas responsabilidades para com as suas principais tarefas como seja a saúde e a educação.

A segunda grande causa é ajudar a preservar e enaltecer a herança portuguesa no Oriente que tem sido alvo de constante abandono por parte do Estado português durante séculos, apesar da vontade férrea de algumas comunidades de luso-descendentes do Oriente em continuarem a ter uma ligação à pátria portuguesa.

Por fim, e actualmente a mais mediática que vai ser a nossa Guerra argumentativa e de acção contra o acordo ortográfico imposto pelo governo brasileiro aos outros Estados de língua oficial portuguesa, nomeadamente a Portugal, e este aos seus cidadãos, onde há uma clara rejeição da população portuguesa a este acordo/imposição por razões culturais e até roçando a violação de princípios constitucionais, pois aqui não há nenhum acordo, mas sim uma clamorosa imposição política de adopção da ortografia brasileira aos outros Estados da CPLP, muito ao jeito estalinista.

É evidente que o governo brasileiro pode ter a pretensão de liderar os países de língua portuguesa devido ao seu poderio económico, mas não à custa de uma vil imposição ortográfica e política, que é no fundo um mero capricho de dominação, mas também é certo que as pessoas como os Estados não se “medem aos palmos”.

A falta de respeito da Assembleia da República perante as várias iniciativas legislativa de cidadãos contra esta situação, algo raro na democracia participativa portuguesa, em que simplesmente confirmou a decisão anterior aprovada desde da extrema-esquerda à extrema-direita parlamentar demonstra bem o divórcio entre representantes e representados da nação, e o descontentamento generalizado na população perante este aberrante acordo ortográfico.

Assim, a Raia Diplomática vai continuar a impulsionar este debate, e promover a abertura do processo de referendo, pois não há maior legitimidade que a democracia directa sobre todas as outras formas de representação democrática de modo a reparar este brutal ataque da classe política à vontade quase generalizada dos seus cidadãos.

Claramente 2011 não será um ano nada fácil, só resta-nos desejar um bom ano, e que seja superada as expectativas de todos na concretização dos nossos sonhos e ambições.