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quinta-feira, outubro 21, 2010

A ENTREVISTA DE JOSÉ DE SALES MARQUES

José de Sales Marques foi o ultimo Presidente do Leal Senado de Macau, actual Presidente do Conselho de Directores do Instituto de Estudos Europeus de Macau e membro do Conselho Editorial da revista Raia Diplomática.
Esta entrevista foi realizada no mês de Junho do ano passado, e serviu de base para a Grande Reportagem da edição impressa da revista Raia Diplomática sobre os 10 anos da transferência da administração de Macau para a China.

Como é que têm evoluído as relações Luso-Chinesas desde a transferência da administração de Macau para a China?
As relações Luso - Chinesas têm evoluído de uma forma que eu diria exemplar a nível de relações institucionais. Desde que Macau voltou a estar plenamente integrado na China, tivemos um conjunto de aspectos positivos e de evoluções incluindo parcerias estratégicas sobretudo entre a China e Portugal. A RAEM tem tido um papel fundamental para que nessas relações. Todavia, do ponto de vista económico, parece-me que actualmente no sentido Portugal - China não têm existido desenvolvimentos que acompanhem o elevado nível de diálogo do ponto de vista político.

Referiu a importância da RAEM nas relações Luso – Chinesas. Numa altura em que o primeiro presidente da RAEM, Edmund Ho, cessa funções, o que é se espera deste novo governo?
A situação dentro da RAEM não deverá ser muito diferente porque tudo aponta para que haja uma grande continuidade nas políticas. No que diz respeito às relações entre Portugal, China e Macau essas relações vão continuar no mesmo rumo na medida em que essas relações são relações de Estado para Estado e, portanto, Macau enquadra-se dentro desse Estado. Neste sentido, depois das diversas declarações que têm sido feitas, nomeadamente pela ocasião do 20º aniversário das relações diplomáticas entre China e Portugal, tudo aponta para que o caminho seja um caminho positivo e um caminho de intensificação destas relações.

Nesse sentido, este novo governo irá ser uma continuidade da actual governação?
Sim, no entanto, provavelmente, haverá sempre algumas mudanças na medida em que a RAEM vai celebrar 10 anos de existência e há sempre momentos de balanço, há sempre algumas alterações políticas que, provavelmente, terão que ser feitas mas que não terão nenhuma influência, nenhum efeito no relacionamento entre Portugal e a China porque serão, fundamentalmente, alterações de políticas a nível interno.

Existe algum descontentamento por parte dos portugueses que trabalham para a função pública da RAEM?
Não, pelo contrário. Eu diria que, se estes 10 anos serviram para alguma coisa foi, de certeza, para que os portugueses se sintam hoje mais confiantes enquanto parte da região de Macau. O que nós podemos ver pelas manifestações de apego e de entrega que os portugueses que vivem em Macau tem actualmente será uma aproximação da própria RAEM e isto reflecte quer na vida cívica, quer na vida associativa, um contributo para que a sociedade civil possa perceber que existe uma atitude que eu diria mais positiva e mais num sentido de pertença. Mais hoje do que no passado. Se calhar no passado porque no passado muitas vezes os técnicos portugueses iam para Macau para trabalhar durante um determinado período, sempre com a ideia do regresso a Portugal. Isso não acontece tanto hoje. O que nós vemos é que existem famílias, e sobretudo jovens, que se deslocam para Macau à procura de uma vida profissional e que desde o princípio têm uma atitude e uma aposta na fixação em Macau e não, digamos, tomar Macau apenas como um ponto de passagem.

Acha que existe um desinteresse do Estado Português sobre Macau?
Bom, eu não diria que seja um desinteresse mas é muito provável, é possível, olhando para os factos, que o Estado português não tenha, enfim, tido muito tempo para se dedicar às questões de Macau. Talvez não seja só um problema de Macau. Até que ponto o Estado Português se dedica às relações com a China e com a Ásia em geral? Será que há alguma política clara sobre o relacionamento com a Ásia não falando especificamente da China? Tudo isso me parece que está ainda por definir. Não tenho visto uma linha muito clara nas relações externas de Portugal com a Ásia e, especificamente, com a China.

E o retomar da rota Lisboa - Macau? Poderia ser um sucesso dada a posição estratégica do Aeroporto de Lisboa?
Isto foi sempre um sonho das pessoas de Macau que são portuguesas como eu. Sempre sonhei que a TAP manteria uma ligação a Macau mas infelizmente isso não aconteceu e, infelizmente, o que eu vejo, agora nos jornais, nem se trata de uma tentativa para que isso aconteça. Independentemente das razões de ordem financeira e económica que possam ser argumentadas a favor desta posição, lamento imenso que, do ponto de vista estratégico, isso venha a acontecer. Acho estranha esta posição dado que a TAP, no passado, falou deste interesse em desenvolver laços com a Ásia, laços comerciais tendo em conta que a Ásia poderia ser um mercado de futuro. É estranho que hoje tenha uma posição exactamente de abandono e de voltar as costas para essa possibilidade. Não me parece, sendo um português que vive na Ásia, que seja uma boa política. Mas, obviamente, que outros argumentos poderão existir.

Acha que não será só uma politica económica?
Penso que ninguém pode virar as costas à Ásia. Se alguém me disser que uma empresa que quer ser internacional vira as costas à Ásia eu diria que, provavelmente, não estão a olhar bem para o mundo. Por isso, acho que é um ponto de vista estratégico de uma miopia completa, isto independentemente das questões económicas e financeiras que possam ser argumentadas a favor dessa solução. Do ponto de vista estratégico olhando para o mundo como ele será nos próximos 30/50 anos não faz sentido este virar de costas dadas as oportunidades do Continente Asiático.

Tais como?
Oportunidades de investimento, oportunidades de negócio e de relacionamento aos mais diversos níveis. A nível tecnológico, a nível do ensino, a nível cultural, etc. A presença, hoje em dia, de Portugal do ponto de vista cultural em Macau é quase nula. Não existem iniciativas de relevo que levem a cultura portuguesa para Macau, pelo menos a uma escala que seja significativa. No entanto, existem várias iniciativas em Macau, inclusive de associações locais, que por vezes apoiadas pelo próprio governo da RAEM, têm como objectivo levarem a cultura portuguesa a Macau. No entanto, não há um esforço orientado que envolva as autoridades portuguesas no sentido de dar e de mostrar a Macau o que é feito em termos culturais em Portugal e aquilo que de melhor existe na cultura portuguesa. Essa visibilidade não é vista.

Como analisa o trabalho do Instituto Camões na promoção da cultura e da língua portuguesa em Macau?
O Instituto Camões tem tido algum papel na promoção da cultura e da língua portuguesa em Macau, sobretudo através, embora não directamente, do Instituo Português do Oriente no sentido de divulgar a língua portuguesa para estrangeiros, ou seja, para aqueles que não são falantes ou que não tem o português enquanto língua materna. Mas o seu papel tem estado limitado a isso. Para além desse papel, que tem sido prejudicado, por vezes, por alguma instabilidade a nível da instituição, esperamos agora com as últimas alterações que essa instabilidade desapareça. Mas não deixa de ser verdade que o seu papel tem sido limitado à divulgação da língua. Volto a referir que, não há nenhuma divulgação da cultura portuguesa, não há nenhum esforço no sentido de ir mais além e de divulgar a pintura, as artes, o saber, etc. Por exemplo, não há nenhuma divulgação da língua portuguesa não há nenhum esforço digno de registo com vista a ir mais além e com vista à divulgação da pintura, das artes, do saber, etc... Não existe essa divulgação de Portugal em Macau ou na China porque, provavelmente esse tipo de realizações são dispendiosas. Não há uma política clara de aposta na China e em certa medida na Ásia em geral. Quando é feita a programação, coloca-se, tanto Macau como a China e como a Ásia em posições secundárias.

Que impacto poderia ter essa divulgação, quer para Portugal quer para Macau?
O que as pessoas de Macau conhecem de Portugal é, ainda, muito pouco. Conhecem algumas coisas. Conhecem o Fado, o Cristiano Ronaldo. Na realidade para além daqueles que são os ícones portugueses e que brilham no estrangeiro não conhecem quase nada. Não conhecem o que se faz de melhor a nível de conhecimento em Portugal. O que se faz de melhor a nível de música, o que se faz melhor a nível das artes, o que se faz melhor a nível daquilo a que podemos chamar em termos de marcados gerais e também não conhecem outras coisas como por exemplo a nível da política. O que é que Portugal pode trazer no relacionamento entre a UE, a China e a Ásia? Alguém sabe disso? Quais são os benefícios, quais são as vantagens. Todavia, Portugal tem ajudado e tem sido um bom amigo da China na UE mas se calhar pouca gente sabe disso.

Em que medida?
Tem sido um bom amigo no sentido que Portugal tem apoiado a China nas grandes questões que estão em aberto entre a China e a UE,  Portugal tem procurado introduzir um diálogo estratégico entre a China e a UE no conhecimento do desenvolvimento sustentável e tem procurado desenvolver, através do diálogo que tem tido com entidades, a chamada vertente externa. Tem procurado, fundamentalmente, criar laços de sustentabilidade neste relacionamento. Portanto, nessa perspectiva, Portugal tem apresentado, dentro daquilo que se insere na sua capacidade, no sentido em que não é um país grande, uma posição muito positiva no diálogo entre a China e Europa.

Se há essa posição e se há esse trabalho diplomático de Portugal numa aproximação entre a UE e a China, porque é que não há esse aproveitamento no campo prático através de uma estratégia?
Eu penso que há níveis muito diferentes no que respeita à abordagem e à compreensão desta questão. Uma coisa é o Governo Português, a nível de relacionamento externo, e da própria diplomacia, compreender o quão importante é esse sentido ou essa aproximação à China e à Ásia. Outra coisa são os empresários portugueses perceberem isso. Mas mais do perceberem isso é fazerem disso uma estratégia que às vezes não é fácil. Por vezes, em Portugal, as pessoas olham para a China de uma forma um pouco idónea, no sentido, fundamentalmente, dos interesses económicos empresariais e olham para a China colocando o seu interesse e procurando entrar naqueles mercados que estão mais desenvolvidos, como as grandes cidades e as grandes metrópoles. Se calhar, no âmbito da tecnologia em Portugal, seria mais útil para a China e para os empresários portugueses uma aproximação com aquelas regiões da China que não estão tão abertas a todo o tipo de competição e concorrência das grandes empresas que estão colocadas a operar na China. Estas regiões têm grandes necessidades de desenvolvimento e, provavelmente, por causa disso, apresentariam melhores oportunidades para as empresas portuguesas que, todos sabemos, apresentam limites a nível de dimensão e que podem não ter dimensão suficiente para competirem com aquelas grandes multinacionais. Com esta aposta teriam mais capacidades para operar, para competir e para concorrer, digamos, a um nível de desenvolvimento que é aquele que as regiões do Leste da China precisam assim como as regiões que estão no Sudoeste.

Ainda no âmbito da divulgação da cultura portuguesa, enquanto representante do Ministério da Educação Luso na Escola Portuguesa, em Macau, referiu, num debate organizado pelo “Hoje Macau”, em Março, que a Fundação Oriente não estava cumprir com as verbas necessárias. Esta situação permanece?
A situação referente à Fundação Oriente é muito complexa. Aquilo que eu disse tem que ser entendido num contexto mais vasto porque, efectivamente, existem alguns elementos que apontam neste sentido e que foram até divulgados na imprensa em Portugal. Todavia, a questão da Fundação do Oriente tem que ser avaliada sobre outros prismas, nomeadamente se é do interesse da Fundação e da própria Escola Portuguesa a sua continuidade neste projecto. Parece-me que sim. Apesar de tudo e de todas as dificuldades e apesar de todos os problemas e de todas as controvérsias que possam ter levantado, todavia, interessa um parceiro adequado para esse projecto. O que é preciso é que, eventualmente, a sua situação dentro desta parceria seja bem afinada, nomeadamente, no que respeita ao Ministério da Educação em Portugal.

O Instituto de Estudos Europeus de Macau, do qual o Dr. Sales Marques é presidente, tem como principal objectivo dinamizar a comunicação e as relações entre Macau e a Europa?
Sim, o principal objectivo é de fazer a divulgação da Europa em Macau e de Macau na Europa. Mas, em particular, desenvolver os laços académicos. Quando o Instituto foi criado as relações entre a Europa e a China ainda estavam numa fase pouco desenvolvidas mas desde então muita coisa aconteceu e hoje em dia há uma intensidade enorme nas relações entre a China e a Europa. Nós não estamos a ensinar nem línguas europeias nem culturas europeias, nós ensinamos a integração de quem faça esse mestrado dando um conhecimento bastante vasto do que é a integração europeia. O estudo dessas implicações e dessas componentes, por um lado, e, por outro lado, o nosso papel é também o de divulgar o estilo de vida da Europa e os valores da Europa. Aquilo que nós fazemos não se cinge às questões que estão ligadas ao ensino e ao estudo da investigação e da integração da EU. Passa, também, por questões culturais e por questões que estão relacionadas, nomeadamente, a questão da propriedade intelectual.

Depois da última Presidência Portuguesa na UE, em 2007, considerada como um sucesso tendo em conta a aprovação do Tratado de Lisboa e tendo em conta as diversas cimeiras que decorreram durante esta presidência, não podendo esquecer a Cimeira China-UE, em Pequim, na sua opinião qual foi o resultado prático desta presidência?
Eu penso que a presidência portuguesa teve um trabalho muito importante no sentido de concretizar diversas acções que estavam pensadas mas não concretizadas. Actuou de uma forma nobre e teve um esforço que esperamos ver redobrado durante a próxima presidência.

Passados quase 10 anos do fim da administração portuguesa em Macau, existe algum risco da herança portuguesa desaparecer naquele território?
Haverá sempre um risco. A herança portuguesa, fundamentalmente das pessoas em Macau pode correr riscos de desaparecer. É claro que as pedras da calçada irão ficar eternamente mas não e essa herança que nós queremos. Queremos muito mais. Queremos, fundamentalmente preservar a herança portuguesa relacionada com a cultura e com a língua portuguesa. Queremos que a língua portuguesa seja aprendida e ensinada por muitos e sobretudo para aqueles com menos recursos económicos em Macau. É preciso haver um grande esforço e fazer com que as pessoas percebam que vale a pena estudar o português como língua internacional.

AMANHÃ LEIA A ENTREVISTA DE JOSÉ DE SALES MARQUES, O ULTIMO PRESIDENTE DO LEAL SENADO DE MACAU

Leia amanhã a entrevista com José de Sales Marques, o ultimo Presidente do Leal Senado de Macau, actual Presidente do Conselho de Directores do Instituto de Estudos Europeus de Macau e membro do Conselho Editorial da revista Raia Diplomática.

terça-feira, outubro 19, 2010

segunda-feira, outubro 18, 2010

NRP SAGRES CHEGA DIA 24 DE OUTUBRO A MALACA


O NRP Sagres chega no próximo dia 24 de Outubro pelas 9 horas a Malaca. Na sua terceira viagem de circum-navegação que se iniciou a 19 de Janeiro em Lisboa, e já passou pelo Brasil, Uruguai, Chile, Perú, México, Estados Unidos, Japão, China, Indonésia, Singapura, Tailândia, e que agora vai chegar a Malaca, curiosamente no ano em que se celebra os 500 anos da chegada dos primeiros portugueses à então denominada "Veneza do Oriente".

A coordenação da visita do maior embaixador itinerante português  está a cargo da Associação Cultural Coração em Malaca (ACCM), através de Cátia Candeias, coordenadora do projecto "Povos Cruzados" .

A partida para Kuala Lumpur está prevista acontecer no dia 29.

Para mais informações visite o blogue do projecto "Povos Cruzados" em http://www.povos-cruzados.blogspot.com/ .

domingo, outubro 17, 2010

A INTRODUÇÃO DE PORTAGENS NO NORTE DE PORTUGAL – A REVOLTA GALEGA


Com a decisão do governo socialista em aumentar a carga fiscal e as receitas do Estado, a circulação rodoviária entre Portugal e Galiza sofreu logo um acentuado decréscimo.
 
Iniciado o processo nos começos do ano, cuja a intenção seria apenas para as SCUT´s do Grande Porto com o argumento que essa região já tinha alcançado a média do PIB nacional.
 
Perante este propósito que ontem foi consumado, o maior partido da oposição obrigou então o governo a estender a sua resolução também para as regiões economicamente mais deprimidas. Nada escapa!!!
 
Ontem, a TV Galicia (TVG) para assinalar o facto fez uma reportagem em directo desde Vila Nova da Cerveira a dar conta da redução de tráfego e a prognosticar as consequências para a economia galega.
 
Hoje, dia 16 de Outubro, o maior jornal da Galiza, “La Voz de Galicia”, que curiosamente é escrito em castelhano faz um grande destaque de primeira página a esta notícia, com os depoimentos dos condutores galegos que se queixam da operacionalidade do sistema de cobranças para estrangeiros que obriga estes a comprar o sistema electrónico com um carregamento mínimo.
 
Depois de ser criada a maior região territorial europeia que englobará o Norte de Portugal, a Galiza e Castilla y Leon com uma população de cerca de 10 milhões de pessoas, a implementação desta medida por Lisboa é vista com estupefacção pelos meios políticos, económicos e sobretudo turísticos, pois este ano celebra-se o ano santo do Xacobeo que tem tido a presença considerável de milhares de visitantes portugueses, que aliás segundo as estatísticas é o maior parceiro comercial da região autonómica.
 
Agora para o trajecto entre Viana do Castelo e o Porto que distam apenas 76 quilómetros, o utente tem que desembolsar exorbitância de 77 euros, o que é um sério entrave ao desenvolvimento comercial entre as duas regiões ibéricas.
 
Muito difundida as críticas pelos meios de comunicação social e políticos, onde se inclui o antigo Presidente da Xunta da Galiza, Emílio Touriño que também desaprovava a decisão portuguesa de suspender a ligação Porto-Vigo por comboio de alta velocidade está a criar um grande mal-estar por aquelas hostes.
 
De facto é verdade, e acima de tudo trata-se de uma falta de senso e uma grande camada de hipocrisia, pois como se pode fomentar a exportação e a cooperação transfronteiriça com estas barreiras artificiais.
 
A ânsia de captação de receitas para um Estado despesista que agora inclui uma taxa de IVA de 23% digna de um país nórdico, sinónimo de organização e que fomenta o bem-estar social é no mínimo sórdida.
 
Para além do aumento da carga fiscal, os cidadãos e os trabalhadores dessas regiões, e das outras localidades que virão ter portagens, e sem recurso digno a alternativas para aqueles que apenas querem trabalhar e ajudar o país a desenvolver têm como castigo pagar mais imposto.
 
Com a arrecadação de tantas receitas pela via directa e indirecta, mas com uma distribuição deveras injusta, os sucessivos governos que apesar da sua alternância têm a mesmíssima politica que é dirigir muito mal a nação, ao sabor das suas conveniências, e sem o mínimo rigor económico e de Estado.

quarta-feira, outubro 13, 2010

A FIGURA DO IRÃO



As alterações ocorridas desde 2001 trazidas pelos movimentos de asilo na Europa Ocidental têm tido repercussões por toda a Europa, especialmente no Reino Unido.

Muitos dos iranianos que vivem em Londres reconhecem a importância da cidade enquanto refúgio para todos aqueles que fugiram quer do antigo Xá e sua overthrower, quer do Ayotollah Khomenei.

É em Londres, que muitos iranianos apelaram ao mundo para a crise declarada no Irão. O Irão, que domina as notícias internacionais e nacionais, muitas vezes por razões controversas, divide um país de grande influência não só no mundo islâmico como também num mundo ocidental. A reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, eleito pela primeira vez em 2005, tem levantado polémicas e reacções por parte de vários países.

Foi há porta da BBC de Manchester, que um grupo de iranianos inquietos, procuraram ser ouvidos utilizando como meio de vinculação das mensagens um importante órgão de comunicação como é a BBC, com vista à divulgação, por todo o mundo, da sua posição sobre a situação no Irão e sobre o seu descontentamento e luta.

O partido da oposição liderado por Mussavi, que outrora presidiu o país, apoiado pelos seus partidários, o Reformista Iraniano que acusa Ahmadinejad de fraude eleitoral dizendo mesmo que ele e todo o mundo “continuaram a observar atentamente a situação no local”.

A Organização Não Governamental (ONG) Human Right watch, relatou que no ano anterior, um membro do próprio Parlamento Iraniano, Hossein Ali Shahryari, confirmou que 700 pessoas estavam ainda a aguardar execução nas províncias de Sistan e Baluquistão, a segunda maior província do país com cerca de 2,1 milhões de habitantes, maioritariamente balúchi.

Estes muçulmanos sunitas desta província, são considerados uma ameaça política e também religiosa para o estado, apresentando-se como uma minoria perseguida étnica e religiosamente.

Este aumento do número de condenações à morte, denota a prova de violência, e opressão que o país tem vivido.

Mas terá o povo do Irão motivos para recear o homem que é visto pelo mundo ocidental, como uma ameaça constante, por possuir armamento nuclear?

A internet tem-se revelado como o melhor aliado dos iranianos na divulgação da informação e da liberdade de expressão tanto desejada, nomeadamente após os turbulentos acontecimentos no país.

 No entanto, as autoridades iranianas estão agora a lutar contra as leis cibernautas. O governo pretende assim oferecer aos usuários um denominada “ segurança” na informação apresentada na internet, mas os activistas estão preocupados com as implicações do estado de vigilância sobre a liberdade de expressão, adiantou a cadeia Al Jazeera. A mesma fonte revela que o ex-presidente Iraniano Akbar Hashemi Rafsanjani, afirmou que o seu país esta em “crise”, conhecido como um critico às políticas de Mahmoud Ahmadinejad o actual presidente, não prevê tempos fáceis para o seu país e o seu povo.

O sistema de educação no país deteriora-se cada vez mais com os acontecimentos que tem posto o país nas “capas”do mundo e os estudantes do ensino superior fazem das universidades os seus campos de luta.

A Universidade de Teerão, atacada por diversas vezes por polícias e apoiantes ao regime de Ahmadinejad, deu lugar as balas substituindo os habituais livros.

Cláudia Borges

(Este artigo foi escrito em Setembro de 2009)

quinta-feira, outubro 07, 2010

ANNA ABREU - A ENTREVISTA

Anna Abreu é considerada por muitos como o “pequeno fenómeno” da música finlandesa, e uma das personalidades mais acarinhadas pelos adolescentes. Entrou para a história discográfica do país da Kalevala logo no seu álbum de estreia “Anna Abreu”, sendo um dos mais vendidos de sempre.
Nesta entrevista realizada no passado mês de Março via correio electrónico, a luso-descendente vai contar a sua experiência no programa “Idols” da Finlândia de 2007 e da sua relação com Portugal.

Anna Eira Margarida Mourão de Mello e Abreu não é um nome muito finlandês?
Sim é verdade, é um nome muito mais português do que finlandês do qual me orgulho muito. Vem da parte do meu pai que é de nacionalidade Portuguesa.

Quais são as maiores recordações que tens dos “Idols” da Finlândia de 2007?
Houve sem dúvida muitos momentos marcantes, as melhores recordações são talvez quando passei o primeiro casting, as pessoas que tive oportunidade de conhecer, todas as coisas que aprendi e que me fascinaram, a felicidade de ver o meu sonho tornar-se realidade a cada etapa passada, a última gala e a última canção...foram muitas emoções.

Não foi um grande risco teres cantado em português, no caso, a canção “Solta-se o beijo”, da Ala dos Namorados, na grande final, e quiçá isso impediu-te de ganhar a competição?
É sempre um risco fazer algo diferente, mas achei importante ser versátil e ao mesmo tempo dar a conhecer as minhas raízes portuguesas que também são uma grande parte de mim. Foi um acto de ousadia que na minha opinião resultou somente em meu favor. Não ganhei porque tinha um bom competidor, não por ter cantado a música errada (risos).

Ou será que a Finlândia é mesmo a terra do Heavy Metal já que o vencedor, Ari Koivunen só cantou nesse estilo musical?
Os finlandeses são conhecidos por serem reservados sérios e honestos, talvez daí o Heavy Metal se encaixar no seu carácter. Para além da sua voz, o Ari possui uma personalidade muito finlandesa, por isso é possível que o público se tenha identificado mais com ele. Mas fiquei muito feliz com o segundo lugar, até porque já em edições anteriores do “Finnish Idols”, que os segundos lugares têm alcançado tanto ou mais sucesso que os primeiros.

O teu álbum de estreia “Anna Abreu” foi um dos mais vendidos da história da música da Finlândia, cerca de 86 000 cópias. Significa isto que o programa dos Ídolos pode ser uma verdadeira ajuda para o sucesso para quem começa a dar os primeiros passos?
É obviamente uma grande ajuda. Na Finlândia este programa tem grandes audiências, o mesmo acontece nos outros países, é um grande fenómeno que chega a uma grande variedade de públicos. Este tipo de visibilidade é muito importante no inicio duma carreira, mas no fim acho que tudo se resume a nós, ao nosso talento e a muito esforço para fazer sempre mais e melhor.

É importante para ti cantares em várias línguas como seja o finlandês, inglês, espanhol e em português?
Para mim não é importante. Não tenho como objectivo cantar em muitas línguas diferentes, fi-lo no programa porque optei por cantar temas que pessoalmente gostava na altura . A nível do meu trabalho canto apenas em Inglês e português.

Costumas ouvir música portuguesa?
Costumo. Não digo que oiço todos os dias, mas gosto bastante de alguns artistas e bandas portuguesas, tanto actuais como os clássicos Xutos e Pontapés, Rui Veloso etc..

O certo é que já entraste para a história da música finlandesa, que com apenas 20 anos já vendeste quase 200 000 discos. Muitos consideram-te como um “pequeno fenómeno” e uma das figuras públicas mais conhecida no país dos “mil dos lagos”. Aproveitando esse facto, e sendo luso-descendente, tem a Embaixada portuguesa colaborado contigo na promoção de Portugal?
Infelizmente não surgiu ainda nenhum projecto em conjunto, embora se houver a oportunidade terei o maior prazer em colaborar com a embaixada portuguesa.

Conhecedora de ambas realidades, quais são as principais diferenças culturais entre a Finlândia e Portugal?
As duas culturas são muito diferentes. Acho as pessoas finlandesas são modestas, correctas, respeitam muito a natureza e têm uma mente muito aberta, por outro lado as pessoas portuguesas penso que são muito dadas, alegres e boas anfitriãs. Portugal tem muita tradição e também é mais conservador.

O teu ultimo álbum “Just a Pretty Face?”, lançado no ano passado, que vendeu mais de 30 000 cópias e chegou a nº2 do Top da Finlândia, já tem sucessor?
Começo a trabalhar no próximo álbum este Outono e será lançado, se tudo correr bem no inicio de 2011.

Para quando podemos ter a Anna Abreu em Portugal para um concerto, e quando estarão disponíveis os teus discos em terras lusas?
Não depende de mim, infelizmente, mas já houve algum interesse por parte de Portugal e nunca se sabe...talvez um dia. Eu adorava dar um concerto em Portugal por ser um país pelo qual tenho um carinho tão especial.

Agradecemos à Sony Music Finland pela gentileza do envio das fotos

quarta-feira, outubro 06, 2010

ANNA ABREU EM ENTREVISTA EXCLUSIVA

Anna Abreu considerada por muitos como o "pequeno fenómeno" da música finlandesa deu uma entrevista exclusiva à Raia Diplomática, que será publicada na próxima sexta-feira.
A luso-descendente vai contar a sua experiência no programa "Ídolos" da Finlândia e a sua ligação a Portugal.

O SÉCULO DA REPÚBLICA E OS 867 ANOS DA NACIONALIDADE


Confesso que a proliferação de bandeiras “azuis e brancas” nos perfis dos utilizadores e a criação de diversos grupos de apoio à causa monárquica nas redes sociais foram o incentivo para que eu começasse a escrever uma pequena reflexão sobre o presente, e talvez sobre o futuro de Portugal, pois a vivência do nosso quotidiano não interessa a (quase) ninguém.


Neste dia de chuva intensa aqui na Galiza, local mais ou menos escolhido para o meu “exílio voluntário”, e não muito distante da nossa cidade-berço, parece que um grupo de monárquicos convocados pela Causa Real está assinalar mais um aniversário da assinatura do Tratado Zamora, e consequentemente a independência de Portugal, embora essa data não seja consensual entre os historiadores. Pois, festejar o centenário da República é que era uma grande chatice, e pelo menos estão a fazer alguma coisa de jeito.

De facto a República da Constituição de 1976 não está a tratar bem o marco histórico do 5 de Outubro de 1143, pois afinal é o inicio da nossa nacionalidade que foi muito dura de obter pelos nossos antepassados, e que agora nem tem direito a uma festa nacional. Como republicano lamento profundamente este esquecimento atroz do Estado, independentemente do regime político em vigência.

E ainda bem que um projecto-lei de duas deputadas católicas socialistas, melhor dizendo, duas das muitas aves raras que se passeiam pelos corredores de São Bento para alterar datas de celebração dos feriados nacionais por uma lógica meramente economicista foi chumbada. Seria um escândalo se tal acontecesse.

Aliás, esta é a melhor altura para a monarquia conquistar adeptos, em plena crise económica e de valores nacionais, onde no espectro político nacional só se assiste à incompetência e à inércia governamental, e de toda a oposição, da esquerda à direita, passando pelos seus extremos, e não esquecendo o principal responsável por este estado permanente de angústia e de descrença que é o povo português.

Parece-me claro que a esmagadora maioria das tendências monárquicas prestam vassalagem ao herdeiro da Casa de Bragança para que um dia, que eu espero que nunca venha acontecer seja proclamado Rei, e que o regime mais apropriado segundo eles apregoam seria a Monarquia Constitucional. Tal situação não acrescentaria nenhum atributo de valor ao Estado, a não ser a sustentar uma corte com o dinheiro dos contribuintes.

Confesso se eu vivesse na Idade Média ou até na Idade Moderna seria monárquico, pois a educação e a preparação para governar a nação estaria melhor entregue à nobreza, mas hoje, e até no século passado em que a educação e a cultura chegou à maior parte do povo e não apenas para uma elite.

E foi graças à República que o analfabetismo começou a desaparecer, as mulheres obtiveram o direito de voto e os trabalhadores adquiriram finalmente mais direitos laborais e de protecção social, o que era até aí negado por uma realeza obsoleta.

Todavia, a decadência da ética republicana levada a cabo pelos dirigentes políticos, a nível nacional, regional e local que não exercem a sua função para o bem-estar generalizado da população, mas sim para interesses pessoais e corporativos está denegrir os valores que o regime trouxe em 1910, apesar do excesso jacobino e da falta de governabilidade que caracterizou a I República.

Hoje é preciso reinventar a República, pois a monarquia é coisa do passado.


Possivelmente é tempo para pensar seriamente na constituição da IV República de modo que possamos requalificar a estrutura do Estado. Não estou a referir ao funcionamento dos órgãos de soberania, cuja a vigente constituição tem mecanismos de solucionar as crises políticas.


Refiro-me sobretudo ao peso da máquina do Estado que está emperrada pelos interesses partidários que criam um número exorbitante de direcções-gerais, institutos públicos e outras entidades somente para satisfazer as clientela partidárias.

Urge portanto fazer uma grande revolução na organização do Estado. Precisamos de saber o que é estritamente necessário para o poder central, regional e local possa funcionar com eficiência, de modo a facultar ao povo aquilo que é realmente importante para garantir o seu bem-estar.

Só com um Estado bem organizado, que saiba tratar bem o seu território e valorizar de forma justa a mais-valia de quem quer inovar, empreender e sobretudo internacionalizar é que podemos atingir os verdadeiros fins do Estado, e por fim voltar a sentir o misticismo da nossa época áurea.

Com a dita crise económica muitos dos movimentos sociais e políticos alteraram-se, e o mais vincado regista-se na União Europeia, onde as relações entre os Estados-membros já não situam-se ao mesmo nível.

Os países mais poderosos aprenderam que não é através da força bélica, embora isso ajude, muito usada nos Séculos XIX e XX seja a forma correcta para a conquista do “inimigo”. Essa beligerância passa agora pela astúcia da tomada do poder económico.

Com o inicio da criação do governo económico europeu que é apenas o primeiro passo para a perda da soberania dos pequenos estados como é o caso de Portugal. Porque quem acreditar que a União Europeia é um espaço de igualdade e solidariedade está certamente a viver num mundo de fantasia delirante.

Neste momento a Europa tende a ser germanizada, de leste a oeste. E quando os “opinion makers” desta terra falam na necessidade de haver uma soberania partilhada entre os Estados não sabe o que está a falar em termos da defesa do interesse nacional.

Porque, ou um Estado é soberano em pleno ou é um Estado enfraquecido, e aqui entra o federalismo europeu.


Abram os olhos!!!

Estes são na minha opinião os dois grandes desafios da nação lusitana: reorganização profunda do Estado e promoção assertiva da sua internacionalização no plano político, económico, cultural e social, e por outro lado a defesa da soberania que não possível sem uma ambição internacional, pois não é aqui fechados que podemos salvaguardar aquilo que somos há 867 anos .

Por todos estes motivos e apesar de tudo, Viva à República Portuguesa!!!

domingo, outubro 03, 2010

ESTADO PATERNALISTA OU ESTADO PADRASTO


Em grande parte da Europa assiste-se ao esvaziamento do Estado providência com o corte dos benefícios sociais, e tendo em consideração ao aumento da esperança média de vida, e consequente envelhecimento da sua população, e para fazer face ao desequilíbrio orçamental, os governos têm tomado medidas para tornar o Estado menos paternalista.

No caso português, a criação do factor de sustentabilidade por parte da Segurança Social, significa que para as gerações que agora iniciam a sua vida profissional activa, quando chegarem à idade de reforma virão os seus rendimentos reduzirem-se drasticamente. Para colmatar essa perda real de rendimentos e de poder de compra, o governo incute aos seus contribuintes a subscreverem produtos de poupança.

Os recentes escândalos financeiros que aconteceram um pouco por todo mundo demonstram que os Estados não podem virar a cara ao funcionamento de instituições que têm forte impacto na sociedade, seja através da regulação, supervisão ou até mesmo pela intervenção directa nos mercados financeiros. Se tal não acontecer o Estado passa a ser um padrasto insensível aos olhos dos seus cidadãos, pois ficam desprovidos de qualquer protecção perante os devaneios morais dos gestores, onde tudo é permitido para conseguirem atingir os seus objectivos, pois a ditadura dos números imposta pelas administrações não dão margem de manobra.

Há no mercado inclusive produtos financeiros/poupança que findo o prazo, o subscritor/tomador recebe menos capital do que o total das entregas durante a vigência do contrato.

A existência deste tipo de situações, salvaguardada a livre concorrência, é inconcebível sobretudo quando é o próprio Estado incentiva os seus contribuintes a procurarem tais soluções, mas que de facto não passa de um verdadeiro embuste e com consequências sociais muito gravosas para quem procura uma protecção financeira.

sexta-feira, outubro 01, 2010

NOVIDADE NO BLOGUE DA RAIA DIPLOMÁTICA

Agora no blogue da Raia Diplomática será publicada na primeira 6ª feira de cada mês uma super entrevista.
Excepcionalmente a entrevista do mês de Outubro estará disponível no dia 8, e a primeira convidada será uma célebre luso-decendente!!!

quinta-feira, setembro 30, 2010

AS LÍNGUAS OFICIAIS DO BLOGUE DA RAIA DIPLOMÁTICA



As línguas oficiais do blogue da Raia Diplomática são o Português, o Inglês e o Espanhol...



 The official languages of the Raia Diplomatica blog are Portuguese, English and Spanish ...




Los idiomas oficiales del blog Raia Diplomática se Portugués, Inglés y Español ...

FOLGA GERAL


Ontem decorreu mais um protesto dos sindicatos em várias cidades europeias, e culminará com a grande manifestação em Bruxelas onde são esperados mais de 100.000 activistas contra as políticas de austeridade dos governos, e para este ano é esse precisamente o lema “No to Austerity”.

Em Espanha para além da adesão ao protesto organizado pela Confederação Europeia de Sindicatos (CES), também tem em mãos uma greve geral que já provocou desacatos em Madrid.


Antes e depois de uma greve há sempre duas interpretações a fazer, uma pelo lado do patronato, que olha para os números dos trabalhadores aderentes, por outro lado dos sindicatos que olham pelo número dos sindicalizados que arrimaram-se ao evento. Ambos estão certos, mas examinam para diferentes explicações.


Na Galiza, por exemplo essa dicotomia expressa-se também no seu bilinguismo – “Folga Xeral” em galego e “Huelga General” em castelhano, vão competindo entre si nos murais, montras e na propaganda sindical como está bem patente na cidade de Santiago de Compostela.


Por um lado os defensores da “Folga” dizendo que os direitos dos trabalhadores estão a ser ameaçados pelo capitalismo, e por outra banda os seus opositores que declaram que não é o momento certo para paralisar o país numa época de profunda crise financeira. Eis o argumentário clássico!!!


Um condimento para esta greve geral veio da presidente da Comunidade de Madrid, Esperanza Aguaire, uma das mais reputadas dirigentes da direita espanhola ao anunciar a suspensão de uma parte significativa dos parados (delegados sindicais) na sua comunidade, o que veio a enfurecer os sindicalistas, e a desanuviar um pouco a tensão com o PSOE, e este deve-lhe ter agradecido por ter escolhido tão mal o “timing” para essa decisão, logo contra-posta pelas regiões autonómicas controladas pelos socialistas que não iriam reduzir os parados.


Porém existe um factor que distingue o modus operandi dos sindicalistas espanhóis e portugueses, e possivelmente será a grande diferença entre as suas sociedades.


Enquanto na Espanha existe um respeito e até um certo temor pelos piquetes dos grevistas, em Portugal essa situação é praticamente ignorada pelas organizações intervenientes no processo grevista, que por ser uma prática banal, o seu efeito prático é quase nulo.


Embora no plano da grande politica espanhola tem as mesmas vicissitudes que são praticadas em Lisboa, mas os debates fracturantes que a sua sociedade é exposta, sobretudo os que acontecem em algumas regiões autonómicas como seja a Galiza, a Catalunha ou o País Basco criam uma robustez e uma clarividência, e quando é transferida para o dia-a-dia dos cidadãos e dos negócios conferem uma objectividade, e em certos pontos até uma agressividade, muito diferente da passividade e da amedrontada sociedade portuguesa.

terça-feira, setembro 28, 2010

CHINA – AS DIFERENTES VISÕES IBÉRICAS



Há três semanas uma comitiva do governo espanhol liderada pelo seu presidente, Rodriguez Zapatero visitou a China. Esta visita tinha a intenção de abrir mais oportunidades para os produtos e serviços espanhóis singrarem no tão apetecido e exigente mercado chinês.


Consequência disso ou não, a Gamesa vai investir mais de 90 milhões de euros na terra dos antigos mandarins.


O facto desta acção da diplomacia espanhola ter sido acompanhada muito de perto pelos seus órgãos de comunicação social, sendo objecto inclusive de referências de primeira página nos principais jornais mostra a importância da internacionalização que é dada pelos “nuestros hermanos”.


Quanto a Portugal foi noticiada também há algumas semanas a concessão da licença de voo da TAP para a China, todavia essa notícia teve um tratamento quase residual na imprensa.


Aliás, o alienamento da pátria de Luiz Vaz de Camões, Vasco da Gama, Afonso de Albuquerque ou Fernão Mendes Pinto pela Ásia é de todo incompreensível e exasperante.


Com uma longa relação com o Oriente, nomeadamente com a China, não consegue impor-se como os seus antepassados fizeram. Porque os portugueses do Séculos XV e XVI conseguiam aplicar a sua marca pelos territórios em que passavam.


Nem a experiência secular de ter administrado um território chinês como foi Macau, não conseguiu retirar significativos proveitos, muito por culpa do desprezo de Lisboa pela sua diáspora e por aqueles lutavam para prestigiar o nome de Portugal além fronteiras.


Porque a preservação do português como uma das línguas oficiais da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) por mais 40 anos, as calçadas, os edifícios e os monumentos que atestam a presença lusa serão únicas coisas que restaram do seu legado, o que é manifestamente pouco por tantos séculos de permanência.


Por sua vez, a China estabeleceu a RAEM como a sua plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial como os países de língua portuguesa, e no ano de 2003 o governo da República Popular da China (RPC) criou o fórum para ajudar nessa missão.


Pouco tempo depois a China propôs a Portugal que fosse criado um fundo para ajudar as empresas nas trocas comerciais, ao que o governo português imbecilmente declinou.


Foi mais uma oportunidade perdida, pois os “frutos” que esse fundo geraria poderiam hoje ser colhidos, e as relações luso-chinesas estariam certamente num patamar bem diferente. O mesmo não acontece com o Brasil e com Angola cuja a sua relação vai de “vento em popa”. E aqui não se trata de uma mera questão de recursos naturais e económicos, embora isso ajude muito nas suas parcerias comerciais, trata-se fundamentalmente de ter uma atitude digna de serviço de Estado, e não de vaidade pessoal.


Se ontem a China perguntava e puxava por Portugal, hoje segue o seu caminho como segunda potência económica mundial.


Enquanto o objectivo principal de Zapatero na sua viagem à China é de vender a “Marca Espanha”, aproveitando a onda mediática de serem campeões do mundo de futebol, mas também devido ao resultado do seu trabalho diplomático que tem investido forte na promoção da língua espanhola e na dinamização do Instituto Cervantes pelo mundo.


Por sua vez, a diplomacia portuguesa continua aburguesada, anacrónica e incompetente porque ainda não viu que o “centro” do mundo tenderá a deslocar-se para a Ásia devido ao seu crescimento económico, e bem como esse continente deter cerca de metade da população do planeta. Hoje, a Europa vive precisamente o contrário, uma recessão económica e política, pois não consegue encontrar o rumo certo para o desenvolvimento social tão apregoado nos tratados europeus, mas muito pouco praticado.


Se no Velho Continente, sobretudo na Europa germanizada, Portugal é visto como um país de segunda ou terceira classe, e em que é menosprezado, e a prova disso é a proposta da Comissão Europeia poder vetar os orçamentos nacionais que é uma clara violação às constituições nacionais.


Também em 1580 partilhamos a soberania com o Filipe II de Espanha, com o beneplácito dos mais altos responsáveis da nação – a Alta Nobreza e do Clero, e teve um resultado desastroso para o futuro de Portugal que ainda hoje se reflecte na sociedade.


Enquanto na Ásia, os portugueses ainda merecem algum respeito, pois a lenda do “Afonsinho”(Albuquerque) continua ainda a vaguear pelas terras do Oriente passados tantos séculos, o Estado português simplesmente ignora essa evidência do passado e do futuro.

domingo, setembro 26, 2010

As Pontes da Lusofonia na Galiza


No passado dia 25 de Setembro, a Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP) realizou o seu "II Seminário da Lexicologia", que teve lugar na Fundación Caixa Galicia em Santiago de Compostela.

Dentro das várias questões levantadas durante as quatro sessões do seminário, a AGLP conseguiu com a realização deste evento e com a qualidade material do debate, que o papel das academias deve ser valorizado sobretudo quando é impulsionado pela sociedade civil.

O esforço para a reintegração da língua galega no espaço da lusofonia deve continuar a ser debatido, sobretudo por uma academia que em menos de dois anos já tem um grande trabalho cientifico elaborado, nomeadamente um léxico do português da Galiza que foi transposto para o novo dicionário da Porto Editora.
  
O encerramento do seminário teve a cargo de Evanildo Bechara da Academia Brasileira de Letras, Raúl Rosendo Fernandes e João Malaca Casteleiro da Academia das Ciências de Lisboa, e de José-Martinho Montero Santalha da Presidente da AGLP que anunciou a formalização de dois acordos de cooperação com o Instituto Universitário de Lisboa e com a Academia de Ciências de Lisboa para continuar com o seu profícuo trabalho.

sexta-feira, setembro 24, 2010

II Seminário de Lexicologia da Língua Portuguesa




Realiza-se no próximo sábado, dia 25 de Setembro, na Fundação Caixa Galicia, sita na Rua do Vilar, em Santiago de Compostela, o "II Seminário de Lexicologia", e que tem como temas de debate: o papel das academias, a situação do ensino do português, dicionários e vocabulários e por fim, Lexicologia e Lexicografia.

O evento é organizado pela Academia Galega da Língua Portuguesa, e que conta com o apoio da Academia de Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Letras, Associação de Docentes de Português na Galiza, Instituto Camões, Instituto de Linguística Teórica e Computacional, Porto Editora e da Priberam Informática.

Para informações contacte a Academia Galega da Língua Portuguesa em http://www.aglp.net/

quarta-feira, agosto 11, 2010

Oferta da Korsang di Malacca à Raia Diplomática

Oferta da Korsang di Malacca à Raia Diplomática, durante o lançamento da revista Raia Diplomática, no passado dia 27 de Novembro, no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa.




















domingo, agosto 01, 2010

Carrefour 4 em Lisboa

No passado dia 27 de Julho teve lugar a inauguração da exposição colectiva de artistas sérvios - "Carrefour 4", no Museu da Água - Reservatório da Mãe de Água das Amoreiras, em Lisboa.
A capital portuguesa é a quarta etapa desta exposição, depois de ter estado presente em Paris, Belgrado e Madrid.
No ano em que se comemora o centenário do primeiro tratado celebrado entre Portugal e a Sérvia (1910-2010), este evento tem a particularidade de mostrar os trabalhos de artistas sérvios espalhados um pouco por toda a Europa, nomeadamente em França, Espanha, Portugal e da própria Sérvia, entre os quais destacam-se Aleksandar Rafajlovic, Aleksandra Saranovic, Anica Vucetic, Branislav Mihajlovic, Dusan Vrga, Masa Krivokapic, Misko Pavlovic, Nicola Raspopovic, Zdravko Joksimovic e Milan Atanaskovic, que também é o curador da exposição.
"Carrefour 4 - Encruzilhada" procura ser "um sinal temporário de reconhecimento no cruzamento caótico das épocas, sempre vibrante numa imensidão de cruzamentos simultâneos onde as direcções se alteram a qualquer momento, num movimento maciço de pessoas e coisas no planeta, neste supermercado global contemporâneo"1
A exposição "Carrefour 4" estará patente até dia 4 de Setembro.

1 ) In catálogo da exposição "Carrefour 4"



"A Construção do Impossível I" de Milan Atanaskovic



Uma das obras da exposição



Reservatório da Mãe de Água das Amoreiras



Pedro Inácio - Director do Museu da Água



Discurso de Dusko Lopandic - Embaixador da Sérvia (I)



Dusko Lopandic - Embaixador da Sérvia



Os primeiros visitantes da exposição



O ambiente da inauguração



O almoço do operário em tempos de luta de classes ou na transição da Sérvia" de Milan Atanaskovic