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sexta-feira, fevereiro 18, 2011

ÁFRICA DO SUL 2010: A PAZ COM A HISTÓRIA

A África do Sul recebe pela primeira vez o campeonato do mundo da Federação Internacional de Futebol, mas as consequências sociais do evento desportivo estão ainda por determinar.

O país sul-africano lutou durante anos contra o apartheid e a comunidade internacional considera o mundial de futebol de 2010 como um ponto de aproximação cultural e um momento crucial para fazer as pazes com a história.

Na realidade, a África do Sul continua a ser um dos países em desenvolvimento no continente africano, com uma economia resistente à contracção mundial, mas com uma crise social onde subsistem focos de necessidades sociais, a propagação de doenças como o vírus da SIDA e as diferenças étnicas.

No momento em que se aproxima a realização de um dos mais mediáticos e importantes eventos desportivos do ano, o país continua marcado pela existência de alguma instabilidade social – também reflectida nas constantes greves dos trabalhadores que ameaçam a finalização das obras nos estádios dentro do prazo, ou dos taxistas que condicionam o trânsito nas principais cidades.

Durante cerca de um mês, os sul-africanos têm a oportunidade única de receber trinta e duas das mais importantes selecções de futebol do mundo, trazendo consigo adeptos fervorosos que ajudarão ao despertar da economia, seja através do impulso que trazem ao turismo, seja pela criação de postos de trabalho.

De algum modo, são os postos de trabalho associados ao mundial que ‘mais tinta fazem correr’ e que maiores potencialidades apresentam para a população local – desde a construção das infra-estruturas necessárias à realização do evento, à recepção das equipas e dos adeptos, passando pela segurança, o número de potenciais empregos directos associados ao mundial.

Mas as mudanças que a organização do mundial traz ao país vão além da simples criação de postos de trabalho.

Receber o campeonato da Federação Internacional de Futebol (FIFA) permitiu a criação de uma rede de transportes públicos nunca antes esperada neste país.

A África do Sul não possuía a mais básica rede de transportes, mas com o acolhimento do mundial veio a necessidade de criar um sistema que sustenta não só a deslocação dos 450 mil visitantes esperados, além da população local, independentemente da cor, etnia ou raça.

A nova rede de transportes e de novos postos de trabalho permitem à África do Sul tornar-se num potencial destino turístico, não só para o mundial, mas também para o futuro, ao dotar o país de serviços base neste sector da economia.

Depois de anos de segregação social, a África do Sul aboliu a política do apartheid no final do século XX, dando possibilidade a uma aproximação das diferentes etnias e raças que vivem naquele país e, que estiveram na origem de um dos mais conhecidos movimentos de defesa pela igualdade de direitos entre as raças.

Agora em pleno século XXI perspectiva-se a possibilidade única de aproximar os povos daquele país e, simultaneamente, provar ao mundo que as etnias vivem em plena harmonia e num claro processo de desenvolvimento de relações.

A África do Sul, no passado, viveu quase 50 anos dividida sob a égide de uma política de segregação social que, nas sociedades contemporâneas, não tem lugar.

A organização do campeonato do mundo de futebol da FIFA 2010, na África do Sul, apresenta-se como um potencial para o desenvolvimento das infra-estruturas locais, um impulso à economia local e uma oportunidade de aproximação de um povo.

Este texto foi publicado na edição nº0 da revista Raia Diplomática, no dia 28.11.2009

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